31 março 2007

As gravatas do Rabino



Dono de uma trajetória exemplar, Henry Sobel luta agora para evitar que o furto na Flórida destrua sua biografia
A notícia da prisão de Henry Sobel é a maior crise pública enfrentada pelo rabino. Mas não a única. Em 2003, ele se declarou favorável à pena de morte. "O judaísmo condena categoricamente a pena de morte. Mas, na qualidade de pai, defendo a pena de morte em casos excepcionais", disse. Sobel deu a declaração após o assassinato da estudante Liana Friedenbach, de 16 anos, morta com o namorado Felipe Caffé, de 19 anos, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Liana foi violentada e torturada.
Henry Sobel conhecia a vítima. Celebrou o casamento dos pais de Liana e o Bat-Mitzvá da jovem (cerimônia de maturidade religiosa das meninas judias, aos 12 anos). Mesmo assim, a declaração do rabino repercutiu mal com os militantes de defesa dos direitos humanos e entre os religiosos. Sobel justificou-a dizendo que havia sido uma reação emocional não de um rabino, mas de um "pai, cidadão e indivíduo". Sobel é pai de Alisha, hoje com 23 anos. Mais tarde, amenizou o comentário: "Na hora de intensa emoção, fiz a declaração. Não estou arrependido, era o que sentia. Quero que a sociedade compreenda minha revolta", disse.
O rabino Henry Sobel conquistou proeminência não apenas na comunidade judaica, mas na sociedade como um todo, por seu carisma e suas posições corajosas e consistentes na defesa da paz, do entendimento e dos direitos humanos. Seu desafio agora é extraordinário: evitar que uma biografia inspiradora seja destruída pelas gravatas que ele levou sem pagar.


POR QUE ELES FURTAM?


No dia 18 de janeiro, o estilista Ronaldo Esper, de 62 anos, conhecido por apresentar um quadro no programa de TV Superpop, de Luciana Gimenez, foi preso em flagrante tentando furtar dois vasos de um cemitério em São Paulo. Em sua defesa, disse estar sob efeito de fortes medicamentos, condição que o teria levado a agir impulsivamente. Ele aguarda o julgamento em liberdade. Se for condenado, poderá pegar até quatro anos de cadeia.
Em 2002, um caso semelhante, em que uma celebridade foi flagrada furtando peças de roupa em lojas de grife, ganhou destaque internacional. A atriz americana Winona Ryder, estrela de filmes como A Casa dos Espíritos e Garota, Interrompida, foi presa no elegante bairro de Beverly Hills, em Los Angeles. Ela tinha acabado de colocar na bolsa mercadorias avaliadas em mais de R$ 10 mil, incluindo objetos de design e um vestido Gucci. Gravações do circuito de segurança da loja mostravam Winona saindo com um chapéu preto, ainda com a etiqueta de preço afixada. Ela afirmou que, como atriz, estava fazendo um "laboratório" para seu próximo filme, no qual interpretaria uma cleptomaníaca. Teria sido instruída pelo diretor a agir como sua personagem. A justificativa não colou. Logo ficou claro que o tal filme não existia. Winona foi condenada e sentenciada a prestar 480 horas de serviços comunitários.
Em nenhum dos dois casos ficou confirmado que os autores dos furtos sofriam de cleptomania ou estavam doentes. Embora sejam delitos de gravidade menor, esses furtos ganham proporção porque as celebridades dependem da imagem. Por isso, a reação mais comum é dizer que o ato foi cometido "sem consciência". Mesmo a cleptomania, no entanto, não costuma ser aceita em cortes judiciais como atenuante do delito.




3 comentários:

Cleber Campos disse...

O rabino Sobel tem realmente uma trajetória exemplar por sua luta pela democracia. Acho muito possivel que essa situação tenha sido causada por uso de medicamentos. O tempo dirá...

Abreu disse...

Keikas,

O Rabino Sobel não é unanimidade entre seus patrícios. Pelo pouco que sei [ou penso saber] muitos o combatem duramente em sua comunidade, devido aos seus 'avançados' posicionamentos não apenas sobre o ecumenismo, mas, principalmente sobre suas opiniões a respeito de armistícios com os palestinos.

Particularmente, nutro admiração por ele e apesar de não recriminar a divulgação do fato, tenho visto um enorme prazer nas críticas, nos açoites e nos 'gracejos' -- ao meu ver injustos diante da bigrafia do rabino.

Ele não tem o dom da infalibilidade, por isso, bem entendo sua manifestação quanto à pena de morte. No tocante ao furto das gravatas, tenho muita certeza de que nem sequer de cleptomania se trata, mas de um verdadeiro e intenso estado de "mau momento". Na certeza de que a biografia do rabino já esteja irremediavelmente comprometida, aguardo e torço pelo mais desfecho desse affair, de modo a pelo menos diminuir o borrão. A desonra já o abateu. Ele está humilhado.

Se depender do meu apoio [eu que, 'anônimo', não privo de relacionamento com ele e/ou família], o rabino Sobel pode contar!

Sds.

Ricardo Rayol disse...

É o cara é justo coisa e tal, uma autoridade etc.. e é cleptomaniaco. Vai fazer tu a mesma coisa.